domingo, 7 de junho de 2015

Sinto-me inflado, isolado dentro da minha própria compreensão.
Me vejo numa galáxia, e sou como aquelas riscas de giz ao redor de um defunto
- mas só as riscas, pois não estou morto - estou de braços abertos, não como quem voa,
mas como quem abraça, tudo isso dentro do meu peito.
Meu corpo é o universo, e eu sou Deus,
em um universo de outro Deus,
em um universo de outro Deus,
em um universo de outro Deus...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

prólogo

apaguei a luz,
fechei a janela,
não a janela está aberta, preciso fechar a janela
abre o editor de texto,
escreve até onde está escrito acima,
pensa que se não fechar a janela não vai conseguir terminar o texto,
mas ele já está escrito na cabeça,
mas é superstição, se vc disse que ia fechar a janela é melhor fechar,
fecha a janela,
converte texto para formatação normal,
eu gosto de century gothic, mentira essa fonte é courier new,
me sinto culto na maquina de escrever,
desliga o wifi,
ritual completo,
começa o roteiro

-
já pode escrever o roteiro,
ótimo se a protagonista dessa história não fosse você,
porque esse papel em núcleos diferentes já não me cabe mais.
seria perfeito se as cenas que me vem a cabeça não fossem tuas,
diálogos complexos, dramas profundos.

-
mas vai ter roteiro,
sempre as vezes com tuas cenas,
o jorge sempre vai ser a sua helena*

*manuel carlos

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

meio-dia

todo dia só por um minuto o mundo todo fica sem nenhuma sombra
o sol fica totalmente a pino e nada, absolutamente nada emite nenhuma sombra
a gente tenta viver um minuto por dia,
apressando cada hora
tentando prolongar o meio-dia

nos dias de sol a sombra é dura, forte, definida,
quase dá pra ver o rosto, mas não dá,
porque é sombra
nos dias nublados fica suave, mansa, por pouco não se vê,
quase é bonita, mas não é,
porque é sombra

terça-feira, 15 de julho de 2014

E agora?

E agora, Jorge?
A copa acabou,
a luz apagou,
os gringo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, Jorge?
e agora, você?
você sem nome,
que zomba de todos,
você que faz versos,
diz que ama, protesta
e agora, Jorge?

Trecho humildemente adaptado do original por Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 6 de junho de 2014

logo me pego lendo a carta já lida, ledo engano.

esxtrañhol

Tá estranho
como quando a voz não sai

Tá estranho
como quando você balança o controle da tv e parece que tem uma peça solta

Tá estranho
como quando o silêncio não parece tão quieto

Tá estranho
como quando a solidão não parece nem solidão

Tá estranho
eu me estranho

eu te extraño